Leia o artigo do Comodoro Cristiano Tatsch escrito para GZH nesta semana

Comodoro destaca os 82 anos do Jangadeiros, bem como o crescimento de Porto Alegre e como a vela ensina a ter disciplina e respeito à natureza

Confira, na íntegra, artigo intitulado “Do colorido das frutas às velas dos barcos”, escrito pelo Comodoro Cristiano Tatsch para o portal GZH, destacando os 82 anos do Clube dos Jangadeiros, o crescimento de Porto Alegre, além de como os clubes começaram a se relacionar com o Guaíba e como a vela nos ensina a ter disciplina e respeito à natureza.

 

Do colorido das frutas às velas dos barcos

por Cristiano Tatsch, Comodoro do Clube dos Jangadeiros

 

Embarcações abarrotadas de laranjas e bergamotas que cruzavam as águas do Guaíba rumo ao então mercado livre, na área central de Porto Alegre, passaram a ter a companhia de barcos a vela a partir da década de 1940 por obra de homens corajosos como Leopoldo Geyer. Empresário e desportista, Geyer é o fundador do Clube Veleiros do Sul, do Iate Clube Guaíba e do nosso Clube dos Jangadeiros.

Fundado em 7 de dezembro de 1941, o Jangadeiros surgiu da visão de Geyer de que a vela deveria ser levada para a zona sul de Porto Alegre, já que o iatismo se concentrava na zona norte. À época, a Capital gaúcha vivia uma relação de proximidade com o Guaíba. Desde então, a cidade cresceu e, por décadas, voltou as costas para ele.

Nos últimos 20 anos, construiu-se muito no entorno. Para a retomada da Orla, ocorreu um processo lento e difícil, politicamente complexo. Mas hoje vemos milhares de pessoas aproveitando cada vez mais o Guaíba em toda a sua dimensão, no entorno de espaços como a Usina do Gasômetro, o Parque Marinha, o Cais Embarcadero, as quadras esportivas, os shoppings e os grandes empreendimentos imobiliários.

Já os clubes de vela cresceram aprendendo a conhecer e a se relacionar com o Guaíba. No verão, o vento começa o dia soprando do Norte, roda todos os pontos cardeais e termina no Leste, como nos ensina mestre Dedá, o grande juiz de regatas do Jangadeiros. Isso dá condições de treino que poucos clubes no mundo têm, e é nessas águas que são forjados atletas de destaque em todo o Brasil e em competições internacionais.

A vela ensina sobre disciplina e respeito à natureza. Quem veleja aprende a respeitar a força do vento, das chuvas e dos cursos de água. É um esporte que desenvolve o espírito competitivo, mas também a prática de cidadania. A meninada aprende a trabalhar em equipe e a competir respeitando o outro. O enfrentamento de uma intempérie cria um nível de camaradagem que poucos esportes permitem.

É no Guaíba que Porto Alegre forma gerações de velejadores e vemos se multiplicarem os apaixonados pelos esportes náuticos. As barcas de frutas já não navegam mais aqui, mas voltamos a colorir as águas com a alegria e o orgulho que temos de viver nesta cidade. É com este espírito que o Clube dos Jangadeiros chega aos 82 anos.