O “decano” dos velejadores

Aos 78 anos, o sócio Luiz Fernando Schramm Pereira descobriu na velejada a beleza e o silêncio nos recantos das lagoas

Até os 62 anos, Luiz Fernando Schramm Pereira quase podia dizer que nunca tinha navegado quando um convite da filha, Renata, mudou sua vida.

“Eu tinha feito uns passeios de lancha, mas era só. Ela estava morando em um condomínio aqui em frente ao Jangadeiros e se inscreveu na aula de vela, mas disse: ‘Só vou se o senhor for’. Entrei e nunca mais saí.

Dezesseis anos depois, o sócio lembra a “convocação” como o começo da paixão pelos barcos e pelas lagoas. Hoje, aos 78 anos e aposentado, depois de uma carreira na área financeira, é dono de seu segundo barco, Graxaim, e para admiração dos amigos mais jovens do Jangadeiros, um navegador cheio de disposição. “Como sou o mais velho, eles me chamam de decano. Chego a ficar vinte dias viajando”.

Da aula de vela, fez cursos de oceano, mestre e de capião. Depois de comprar o primeiro barco, mandou fazer o segundo, Graxaim, seu atual, com 31 pés. Já navegou pelas Lagoas dos Patos e Mirim e se confessa conhecedor “de tudo quanto é buraco” do Guaíba. “Não faz sentido ir para outro lugar navegar”

Com o Graxaim, misto de veleiro e barco a motor, geralmente acompanhado de dois amigos, as viagens podem levar dias e até semanas. É quando visita locais favoritos, como os alagados próximos do Farol Cristóvão Pereira, a Barra Falsa do Bujuru, a Lagoa do Casamento, todas na Lagoa dos Patos, ou o rio São Gonçalo, na Mirim. A experiência acumulada foi um dos temas da palestra “Jangadeiros da Mirim”, na última quarta, junto com Paulo Angonese e Fábio Zanon.

Com os quatro filhos e os seis netos morando fora de Porto Alegre: em Florianópolis, São Paulo, no Winsconsin (Estados Unidos) e cidade do Porto (Portugal), outro lazer é viajar para estar com a família. “É meu outro lado viajante”.

Quando não está velejando, na companhia da mulher Ana Maria, chova ou faça sol, ele é presença constante nas dependências do clube e nos dois restaurantes. “Me adaptei bem à aposentadoria por causa do Clube. Muita gente fica em casa de pijama ou vendo televisão. Para mim, não. É onde me distraio e encontro os amigos. É a ilha da fantasia”.