Robert Scheidt no Clube dos Jangadeiros: “Para ser campeão, tem que moldar a vida em torno desse sonho”
“A Classe ILCA vive um ótimo momento”: foi assim que o campeão olímpico e mundial Robert Scheidt começou o bate-papo com os associados do Clube dos Jangadeiros na manhã deste domingo (19). Logo que pegou o microfone, comentou com otimismo sobre o número de jovens que disputam a categoria, o que representa uma mudança da geração no esporte, segundo ele.
Aproveitando a vinda a Porto Alegre para acompanhar o filho, Scheidt está inscrito no Campeonato Brasileiro Interclubes na classe ILCA 7, enquanto o adolescente, Erik, 15, vai competir na classe ILCA 4. Ambas categorias terão regata de abertura nesta segunda-feira (20). Experiente, o atleta de 51 anos aconselhou a plateia formada especialmente por jovens atletas – que ouviu com atenção os seus ensinamentos – a não treinar pesado nos dias que antecedem campeonatos. Segundo ele, esse é o momento de “polimento para a competição”. Ou seja, de ajustes pontuais.
Além de destacar a importância dos clubes para a formação de novos velejadores, Scheidt ainda foi além ao dizer que, muitas vezes, os estrangeiros chegam a um nível mais alto por conta de grupos de treinamento. Nesse sentido, de acordo com ele, é importante que a classe crie essa união e evolua junto. Já das passagens por outros esportes, como o tênis, o atleta conta ter levado a capacidade de concentração no momento presente, fundamental para a força mental que, muitas vezes, as competições exigem. Pressão e ansiedade, garante ele, todo mundo sente. “Quem diz que não sente está mentindo”, brincou. Para administrar o sentimento, cria rotinas que o deixam focado, que podem contar com música e respiração profunda.
A importância da atividade física foi mais um ponto abordado por ele. “Os atletas top mundiais fazem algum tipo de ativação antes das regatas”, disse, encorajando o hábito. “Não acorde e vá direto para o clube, sem alongar, sem nada”, recomendou o velejador, que neste domingo nadou cedo na piscina do Jangadeiros. Outra dica é não depender sempre do técnico. “Cansei de colocar sozinho meu barco na água. A gente fica mentalmente mais forte”, afirmou. “Cara, e também se divertir”, acrescentou. “Rir dos próprios erros, se divertir com os amigos. Nem todo mundo vai conseguir ser campeão, mas o caminho é muito enriquecedor para a vida. O esporte é uma coisa maravilhosa, o bacana é ver que você está melhorando”.
Agora, se o objetivo é a medalha, Scheidt elenca alguns pontos. Como, por exemplo, estar ciente dos desafios que estão por vir. “Ser campeão olímpico é muito bom, mas tem a segunda-feira no frio, com o clube vazio”, exemplifica. Além disso, entender quais são seus pontos fortes e fracos, reservar um período para tirar férias e, o mais importante de tudo, muita vontade para chegar lá. “Tem que querer. Se quer ser um campeão, tem que, de certa forma, moldar a sua vida em torno desse sonho”, concluiu.