A Marinha tem a obrigação de cuidar da segurança de todos os navegadores em águas brasileiras, sejam eles profissionais ou amadores. Não é uma missão fácil. Responsável pela inscrição de novos barcos, pela habilitação de quem vai conduzi-los e pelo monitoramento de nossas águas, a instituição registrou, até dezembro de 2012, 414.586 embarcações de lazer a motor nos nove distritos navais espalhados pelo país. No total, o Brasil soma mais de 720 mil barcos – incluindo pequenos veleiros, botes infláveis de menor porte, barcos de alumínio que não passaram pela inscrição e barcos sem motor. O cálculo é que haja cerca de um barco para cada 270 habitantes no país.
No ano passado, ocorreram 220 acidentes no mar, 69 deles com vítimas fatais. A maior parte teve lugar no Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo. Esses estados pertencem aos distritos navais com maior concentração de embarcações. É um número pequeno comparado aos cerca de 40 mil brasileiros que perdem a vida todos os anos em consequência de acidentes nas ruas e estradas do país (foram 43 mil segundo dados de 2012 do Ministério da Saúde). Claro que há muito mais automóveis do que barcos, mas mesmo respeitando a proporção de cerca de 34 milhões de carros para 194 mil habitantes, os carros matam 13 vezes mais do que os barcos.
Para prevenir qualquer desastre no mar, a Diretoria de Portos e Costas, DPC, comandada atualmente pelo Vice-Almirante Claudio Portugal de Viveiros, procura orientar os navegadores. “Mais do que notificar quem faz um procedimento incorreto com o barco, nossa intenção é educar”, diz. Em conjunto com as Capitanias dos Portos, Delegacias e Agências, a DPC realizou 85 mil inspeções em barcos no ano passado, principalmente durante os meses de dezembro a fevereiro e em julho, nas férias. Promoveu, ainda, campanhas de orientação e distribuiu folhetos com orientações, além de organizar eventos. Dois Simpósios de Segurança da Navegação Amadora ocorreram este ano, em Brasília e no Rio de Janeiro, para promover a interação entre a Marinha e os usuários de barcos e aprimorar as questões relativas à segurança da navegação.
Os motivos mais comuns de acidentes são o abalroamento (batidas entre embarcações), com 21% de ocorrência em 2012, o naufrágio (com 19%) e a colisão com objeto fixo, como lajes. As quedas de pessoas na água e os incêndios vêm em seguida.
Graças aos esforços da Marinha, esses números vêm diminuindo. Em 2013, foram registrados, até o dia 19 de julho, 17 vítimas fatais por acidentes no mar. Menos do que em 2012, quando o total do ano somou 69 vítimas fatais. A violação de normas e regulamentos de segurança constituem a principal falha humana cometida por amadores e o fator mais importante a causar acidentes. Por isso, a Marinha recomenda seguir religiosamente alguns cuidados.
Dicas de segurança:
1. Conheça muito bem o Regulamento Internacional para Evitar Abalroamento no Mar, o RIPEAM.
2. Leia a Norman-03/DPC, disponível no site dpc.mar.mil.br , que detalha itens importantes relativos à atividade náutica de lazer.
3. Nunca entregue o barco a uma pessoa não habilitada. Além de ser um crime, você será responsabilizado caso haja um acidente.
4. Conduza o barco sempre em velocidade compatível com a situação. Excesso de velocidade é um fator que leva facilmente a um acidente.
5. Nunca se aproxime a menos de 200 metros das praias em alta velocidade. No caso da colocação ou da retirada do barco da água, faço-o sempre nas partes da praia determinadas para isso e entre e saia devagar.
6. Não consuma bebida alcoólica se estiver pilotando. Se isso ocorrer, passe o timão para outra pessoa habilitada e hábil para conduzir seu barco com segurança.
7. Certifique-se das normas locais expedidas pelas Capitanias e Delegacias dos Portos da sua região.
8. Faça a manutenção preventiva do motor e dos itens mecânicos, elétricos e hidráulicos do seu barco.
9. Verifique se o combustível é suficiente para a saída, lembrando-se de deixar um terço da quantidade de diesel ou gasolina prevista para uma viagem de reserva.
10. Faça um checklist antes de sair com o barco,conferindo a âncora, se o bujão (bueira) está fechado e se o material de salvatagem está a bordo e dentro do prazo de validade.
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Fonte: nautica.com.br.
Texto: Marcio Dottori.
Foto: Divulgação.